terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dezenas de Vacas Aparecem Mortas




Dezenas de vacas estão a aparecer mortas em explorações agrícolas na zona de Nisa (Portalegre), deixando os agricultores "desesperados" e sem encontrar explicações junto dos veterinários.


"As vacas estão bem, estão a comer e de um momento para o outro deitam-se e já não se levantam", explicou hoje à agência Lusa João Ribeirinho, agricultor há vários anos em Nisa.

"Não sei o que se passa, o que sei é que já chamei dois veterinários e não sabem dizer absolutamente nada sobre este caso", salientou.

João Ribeirinho disse que já viu morrer, num curto espaço de tempo, "sete vacas" na sua exploração, adiantando que, no concelho de Nisa, nos últimos tempos, já terão morrido "mais de 500 vacas".

"Ninguém resolve nada, nós temos um ministro da Agricultura que veio dar cabo desta porcaria toda", lamentou.

Vagner Temudo, outro dos agricultores afectados, já viu morrer, nos últimos dias, "cinco vacas e dois vitelos", na sua exploração agrícola.

"Não sei o que se passa, as vacas caem para o chão e morrem dois ou três dias depois", lamentou.

"Estou desanimado com isto tudo", disse Fernando Marques, outro agricultor da zona.

O agricultor revelou que já reuniu com a veterinária da sua exploração agrícola e que lhe foi comunicado por parte da responsável "que não sabe o que há-de fazer".

De acordo com os agricultores daquela região do norte alentejano, estão também a suceder casos idênticos em explorações agrícolas dos concelhos de Crato, Castelo de Vide e Avis, no distrito de Portalegre.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), António Bonito, alertou que "algo tem de ser feito" nos próximos dias.

Nesse sentido, disse, a AADP está a "trabalhar" para constituir um grupo de trabalho para analisar a situação.

Outra das medidas que António Bonito tem em marcha passa pela contratação de um laboratório de análises que efectue no terreno a recolha de tecidos ou de outras matérias para que se possa identificar a origem da morte das vacas.

Segundo António Bonito, o problema ainda não foi comunicado ao ministro da tutela.

"Primeiro que tudo temos que perceber do que estamos a falar para depois podermos colocar as questões", sublinhou.

"Não podemos chegar a um ministro e dizer que temos um problema. Temos que o identificar e depois criar medidas e, se for caso disso, tentar obter ajudas, apoios no sentido de minimizar os problemas que estamos a sentir", sublinhou.

3 comentários:

  1. Um dos agricultores de Nisa, Rodrigo Vieira Babo, a quem já morreram "mais de 50 bovinos", queixou-se hoje de prejuízos na ordem dos 30 mil euros.

    “Estou a começar a ficar descapitalizado. Isto é uma calamidade”, desabafou o produtor pecuário à agência Lusa.

    Na sua exploração, o Monte das Fontainhas, a poucos quilómetros de Nisa, já morreram “mais de 50 bovinos”, contabilizou.

    “Entre vacas e bezerros o número é esse”, disse o empresário agrícola, revelando que os seus prejuízos “ascendem aos 30 mil euros”.

    Rodrigo Vieira Babo adiantou ainda já ter apelado ao ministério da Agricultura para “intervir” neste processo, uma vez que, mesmo depois da situação ser ultrapassada, “vai levar algum tempo para que os agricultores afectados se recomponham”.

    Contactado pela Lusa, o presidente da Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), António Bonito, remeteu para “mais tarde” uma tomada de posição da agremiação sobre esta matéria.

    “Só depois de apurados os valores das perdas e toda a situação em concreto é que nos prenunciaremos”, garantiu.

    O veterinário responsável pelo Agrupamento de Defesa Sanitária de Portalegre (ADS), José Cachapa, explicou hoje que, só na quinta-feira, em conjunto com a Direcção-Geral de Veterinária, vai decorrer uma reunião sobre esta matéria.

    "Vamos juntar os veterinários que fazem serviço naquela zona, quem tem conhecimento mais pormenorizado da situação e alguém do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária para fazermos uma bateria de análises e saber, de uma forma conclusiva e documentada, qual é a situação", disse.

    O mesmo responsável garantiu que a mortandade de bovinos tem acontecido "em explorações agrícolas na zona norte do distrito de Portalegre", em concelhos como Nisa, Castelo de Vide e Crato.

    Assegurando não ter ainda certezas quanto às causas da mortandade, José Cachapa admitiu, contudo, que esta possa estar ligada à "má qualidade das pastagens" naquela área, tendo os animais ficado debilitados e sido atacados por agentes infecciosos.

    "A leptospirose pode ser um dos agentes, mas isso não nos diz que, no geral dos efectivos pecuários afectados, se verifique essa doença. Esses agentes, tal como os da febre da carraça, são bactérias oportunistas, esperando uma debilidade para poderem actuar", afirmou.

    O Ministério da Agricultura atribuiu hoje a elevada mortalidade de bovinos no distrito de Portalegre à leptospirose e a uma conjugação de factores ambientais que diminuíram as defesas dos animais.

    A mortalidade tem sido especialmente elevada em explorações onde os animais não estão vacinados, atingindo nalguns casos uma taxa de 15 por cento, adiantou à Lusa o sub-director Geral de Veterinária, Fernando Bernardo.

    Dezembro, acrescentou, foi o mês em que morreram mais bovinos em Portugal nos últimos seis anos.

    O problema tem sido agravado por uma conjugação de factores que criaram condições propícias à saída de ratos existentes na terra, que transmitem a bactéria Leptospira através das fezes e urina.

    Entre 10 de Janeiro a 10 de Fevereiro, foram declarados no Distrito de Portalegre 787 casos de morte em bovinos, sendo que, alguns deles, podem ser considerados anormais, particularmente os que são oriundos de explorações nas quais a taxa de mortalidade ultrapassa um por cento.

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  2. eram 500 agora já se fala em 700. já se estão a fazer é aos subsídios e vai-se a ver as vacas morreram porque não estavam com as vacinas em dia. depois a culpa é do governo.

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  3. parece que afinal o mal das vaquinhas era fome...

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