O Conselho de Ministros aprovou, esta quinta-feira, o decreto que cria o Monumento Natural das Portas de Ródão para «valorizar e preservar» aquela zona do Rio Tejo, notica a Agência Lusa.
A candidatura foi apresentada pelas Câmaras de Nisa e Vila Velha de Ródão e pela Associação de Estudos do Alto Tejo em 2005, com o objectivo de proteger os valores naturais e valorizar o território.
As presidentes dos dois municípios destacaram que, apesar das medidas de protecção ambiental, há diversos projectos de interacção com a natureza previstos para a zona.
A garganta escavada pelo rio ao longo dos tempos na Serra do Perdigão, com um estrangulamento de 45 metros de largura, é um dos ícones do Rio Tejo e guarda ainda «espécies biológicas e sítios arqueológicos» que documentam a presença humana junto ao rio desde o Paleolítico Inferior.
As Portas de Ródão foram também um dos principais locais que sustentou a candidatura aprovada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) para criação do Geoparque Naturtejo.
«É uma forma de proteger o ambiente, mas também de valorização do território, a favor das pessoas», realça a presidente da Câmara de Nisa, Gabriela Tsukamoto.
«Há a ideia de que, quando surgem estas classificações, as pessoas não podem fazer mais nada e ficam prejudicadas. Não é assim. É certo que há regras, mas é tudo uma questão de bom senso», exemplificando com os percursos pedestres e projectos de animação previstos para a zona.
O principal restaurante do Arneiro, junto às Portas de Ródão, conhecido por levar à mesa a gastronomia local, «já tem reservas para todos os fins-de-semana do resto do ano, até ao Natal», refere, como outro sinal de atracção.
A Câmara de Nisa vai investir cerca de 700 mil euros (apoiado por fundos transfronteiriços) no Arneiro, num cais de médio porte e centro de interpretação.
Valor idêntico está previsto investir a montante, na outra margem, num centro náutico em Vila Velha de Ródão.
«Como nas escarpas há nidificação do grifo, não pode haver desportos náuticos. Mas haverá passeios de barco com 30 a 40 pessoas entre os dois cais», exemplifica.
«Na prática, a classificação é mais uma insígnia que os dois municípios e a região podem ostentar», disse à Agência Lusa, Maria do Carmo Sequeira, presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão.
Segundo a autarca, recentes obras permitiram a instalação de uma plataforma na zona alta do castelo da vila, «de onde se obtém actualmente uma vista panorâmica sobre a área classificada. É como uma varanda para as Portas de Ródão».
in IOL Diário